Queridos amigos, time, investidores, conselheiros e beneficiários…
Com muito entusiasmo trago um breve contexto do trabalho humanitário que juntos viemos realizando há 5 anos.
O Refúgio vive uma fase muito positiva, e apesar dos desafios crescentes que vivemos com a migração no Brasil e no mundo, temos a certeza de estar construindo uma base sólida para uma organização que seguirá ativa para além das nossas vidas.
O nosso trabalho é apoiar refugiados que chegam no Brasil e fazemos isso através de duas frentes:
1 – Acolhimento: pessoas físicas e jurídicas assumem conosco a missão de reintegrar uma ou mais famílias na sociedade. Tudo gira em torno do emprego e a missão é cumprida quando eles tem casa, trabalho e escola para as crianças – o que chamamos de reinserção sócio-econômica. Cada família acolhida é acompanhada pela nossa equipe até que esteja 100% independente.
2 – Educação: oferecemos cursos de português, educação cultural e educação profissionalizante para as famílias que chegam no país (pré-acolhimento) e bolsa de estudo universitário para famílias acolhidas (pós).
2024 foi um ano de excelentes resultados para a Operação, e de crescimento na Captação de Recursos. Acolhemos 900 pessoas (442 famílias), gerando 537 vagas de emprego, e a Escola Refúgio emitiu 1.409 certificações para 745 alunos, com o custo operacional total de R$2.056.842,98.
Desde 2019, são 5.103 acolhidos em 266 cidades, e 3.773 alunos formados – um feito histórico.
A contratação do do Diretor Executivo, Ricardo Siqueira, foi um marco importante no desenvolvimento da nossa equipe de liderança. Ricardo fez parte da fundação do Refúgio e após 5 anos de atuação no Conselho, assumiu a frente da nossa operação. Ainda sobre pessoas, outra movimentação importante foi a mudança do nosso Gerente de Operação, Leonardo Tavares, de Boa Vista (RR) para Belo Horizonte (MG). Estamos implementando a nova sede do Refúgio em BH, onde estão a maior parte dos nossos doadores, acolhedores e força de networking.
Até aqui, captamos R$ 9.661.330,00. Hoje, a estratégia de financiamento mais importante, e a base do nosso trabalho, são os Investidores Anjo, um grupo de 13 pessoas físicas e jurídicas que assumiram o compromisso de doar valores acima de R$120.000,00 por ano, pelo mínimo de 3 anos, totalizando a entrada anual de R$1.560.000,00 – nossa meta é chegar em 20 Anjos ainda este ano. O Programa de Doadores (doadores mensais de qualquer valor), doações pontuais, campanhas especiais, editais e a consultoria complementam o budget. A previsão de custo para 2025 é de R$2.559.070,69
Os meios de financiamento do trabalho no terceiro setor são arcaicos e a dependência de doação torna a luta pelos direitos humanos e proteção ambiental lenta e insustentável. A maior evidência disso é o retrato da sociedade desigual em que vivemos. Faz-se necessária uma verdadeira revolução no modus operandi do setor, e nossa atuação não deverá se restringir ao impacto humanitário, mas também na contribuição para a criação de formas financeiramente mais sustentáveis e inteligentes de realizar este trabalho.
A Captação é a maior dor do Refúgio e de todas as organizações sociais. Estamos estudando a fundo novas formas de geração de receita, em especial as metodologias de Negócios Sociais (sempre sem fins lucrativos), com o desenvolvimento de produtos e serviços.
Sempre acreditei que a força de trabalho dos refugiados é a resposta para o próprio desafio migratório. Neste sentido, duas frentes de trabalho importantes estão em andamento:
1 – Estamos amadurecendo os processos de empregabilidade, nos especializando cada vez mais em alocação de mão de obra qualificada. Com isso lançamos a Consultoria Recomeço, uma iniciativa para ajudarmos as empresas a encontrar talentos, reduzir o turnover e cumprir seus objetivos de ESG.
2 – Buscamos definir um produto e uma linha de produção escalável de bens de consumo necessários, que atenderão as demandas de mercado e retroalimentam financeiramente o trabalho humanitário – ainda em trabalho de pesquisa.
Quando começamos nosso trabalho em 2019, 1.500 pessoas entravam no Brasil por dia pela fronteira com a Venezuela, e a maior parte do nosso esforço até aqui foi atender este público da forma mais eficiente que poderíamos. Hoje, a média de entrada, ainda alta, é de 350 pessoas por dia. Apesar desta crise não ter uma previsão breve de fim (pelo contrário), entendemos a necessidade de ampliar o escopo do nosso trabalho para outras nacionalidades. Já iniciamos o mapeamento de outras
comunidades: haitianos, sírios, afegãos, congoleses e outros, para incluí-los em nossos programas de Acolhimento e Educação. À medida que amadurecemos nosso trabalho na fronteira com a Venezuela, iniciamos em 2025 o trabalho formal com outras nacionalidades a partir do escritório central de Belo Horizonte.
Queridos amigos, este é apenas o início de uma longa jornada que começa no Brasil e se espalha pelo mundo, e se Deus permitir um dia, cumprimos a missão final de fechar nossas portas, tornando-nos desnecessários.
A regeneração do planeta Terra é possível. A construção da Cultura de Paz é possível. E o Refúgio é a contribuição de um povo que, em meio a tantas adversidades, segue acreditando e agindo.
Avancemos confiantes, fazendo o melhor trabalho das nossas vidas.
Com amor,
Fernando Rangel
CEO